À luz do luar

Tua casa vazia – descanso limitado dos idealismos, das indiscrições. Ramagens secas de mau cheiro sobre as malváceas a luz da lua (e o teu sensualismo docemente, grande menina negra de fala animada) e a fumaça negra da cidade atingível, e a fumaça negra, e os teus lábios delicados, onde há vestígios de candura também.

És, de alguma maneira, a Dama. Há teu intimo que se ilumina, visível, de fragrância oceânica das lutas civilizadas que este poeta não teve: há teu olhar meigo de prudência, ó prudência! E há teu rosto claro, dolente, totsl sobre a rocha que tentou dizer. Nas tuas curvaturas de mocidade, o silêncio claro dos imaginários colocando-se no leito colorido da alegria da pretensão.

E na expectativa da felicidade, a a beleza pura dos sinais ingênuos de fascino. Sim, é festa! – o colo que emerge indiscreto é a harmonia da aceitação dos estilos, o quadril que se precipita ao afago é o suave pudor do olhar, há uma alegia de imenso perdão, ao mesmo tempo, quente sobre a boca que se alivia. Ah! onde o oceano e os belos pássaros da bonança, para ser levados, a difícil moradia sobre o céu.

Que escancarem as portas, que se escancarem às vidraças e se joguem as coisas à atmosfera. Se alguém me deu esta candura de amor, eu te amarei, mulher! – Vem cá, sente-te aqui? Entorpece tua íris de beija-flor, baila! – teu corpo de estilo barroco em samba e frevo. – também! – baila! baila! – gorjeia, rouxinol! (Oh, tuas pernas são alagadiços de óxido, emblemática como o canarinho dos anuros...).

Tu que apenas és o ensaio, o adejar, a rogativa – oh senhora, divindade, restos mortais da minha amargura! – sê que me serve! pertencente a mim! pertencente a mim! na solidão deste instante, no instante desta luz, na clareza desta amargura – pertencente a mim – pertencente a mim – que me interessa – oh senhora, ave meiga, resquício chuviscado de claridade... tivesse a capacidade de passar o tempo e tu sobrares estendida na horizontal, inerme besta, às pernas lançadas ao sofrimento da colossal fertilidade! Eu te engravidaria com uma simples fantasia de ternura, pobre de mim! Mas permaneceras com a tua sina.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 15/03/2006
Reeditado em 16/03/2006
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