COMO A ALMA
COMO A ALMA
Cai a chuva de alma leve
nas ribeiras de alma fria.
Cala a ave o canto breve
cala a flor e o fim do dia.
Tanto faz a chuva esteja
só na aragem do jardim.
Essa brisa que me beija
fica bem dentro de mim.
Cai a noite e seu trajeto
vira alfombra enluarada
como a mágica do afeto
nos olhos da namorada.
Cai a aurora e vai a lua
no meu sonho rotineiro
de ficar minh’alma nua
no calor do travesseiro.
Cai a chuva e cai a vida
onde cai tanta saudade.
E minh’alma anoitecida
é uma eterna claridade!
Afonso Estebanez