Dois Cair da Noite

Dez mil cigarras gritam até a explosão, grilos com suas patas aos gritos! Pássaros encantam com o canto mais puro que qualquer mantra.

E lá vem a Deusa Prateada!

E ela vem é cheia!

Do tamanho da nossa ignorância.

Ouço as vozes das árvores; a ida do sol as une.

Agora é um único grande tronco rajado.

É o beijo da sombra com o vulto.

O ar é de natureza, é sereno, é vitalizante...

É belo o mistério ao cair do tempo oculto.

Motores esgoelam iluminados pelos postes e néons, pessoas trafegam entulhadas. As cigarras estão intoxicadas, grilos abafados, pássaros contaminados, pouco cantam...

Pessoas berram mais de um milhão de promessas.

A Deusa Prateada fica esquisita; vive ofuscada...

Pela nossa luz é condenada.

É esfera pálida entre véus de tijolos.

Ouço vozes dos mendigos, a desigualdade os une.

Agora é um único grande desespero acomodado.

O ar é pesado feito dor

É triste o horror ao cair do tempo sepulto.