Disparando Versos

Escrevo esses versos

Sob a mira de uma arma

A violência me inspira

Enquanto meu suor transpira

Tensão em cada vaso dilatado da minha cabeça

Ali a arma repousa

Ai de você não poetizar! – ameaça-me o dono da arma

A violência não me inspira!!

Escrevi a mando de quem me ameaça

Ele queria uma rima boa

E eu queria um verbo decassílabo

Mas nessas condições fica meio difícil se concentrar

Perguntou se eu precisaria de um dicionário,

Bobagem, do que me adiantaria?

No máximo conseguiria versos com uma poética bem violenta.

Deixei de escrever, agora sou um disparador de versos

Alio-me a ele e roubarei versos, traficarei poemas, fumarei sonetos de Baudelaire.

A arma sai da mira da minha têmpora após lhe dizer meus ideais de poeta bandido

Fica maravilhado e nessa eu tomo sua arma

Não! Não farei o mesmo que ele fez comigo

Também não serei seu amigo

Mas agradeço-lhe por ter me inspirado a ter escrito essa poesia

Fez-me sair da rotina de escrever versos de uma vida vazia e de um cotidiano parado.

Fui embora e deixei-o lendo um livro de poesias de Augusto dos Anjos.

16/10/08

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 16/10/2008
Código do texto: T1232554
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.