Disparando Versos
Escrevo esses versos
Sob a mira de uma arma
A violência me inspira
Enquanto meu suor transpira
Tensão em cada vaso dilatado da minha cabeça
Ali a arma repousa
Ai de você não poetizar! – ameaça-me o dono da arma
A violência não me inspira!!
Escrevi a mando de quem me ameaça
Ele queria uma rima boa
E eu queria um verbo decassílabo
Mas nessas condições fica meio difícil se concentrar
Perguntou se eu precisaria de um dicionário,
Bobagem, do que me adiantaria?
No máximo conseguiria versos com uma poética bem violenta.
Deixei de escrever, agora sou um disparador de versos
Alio-me a ele e roubarei versos, traficarei poemas, fumarei sonetos de Baudelaire.
A arma sai da mira da minha têmpora após lhe dizer meus ideais de poeta bandido
Fica maravilhado e nessa eu tomo sua arma
Não! Não farei o mesmo que ele fez comigo
Também não serei seu amigo
Mas agradeço-lhe por ter me inspirado a ter escrito essa poesia
Fez-me sair da rotina de escrever versos de uma vida vazia e de um cotidiano parado.
Fui embora e deixei-o lendo um livro de poesias de Augusto dos Anjos.
16/10/08