Incompletude

A paralisia sistêmica do olho cego negou a lógica por um minuto indizível. Acomodei-me em meu sofá aveludado (risos) e me debrucei sobre a parcimônia de uma vida corriqueira e vulgar. Ao ritmo frenético do silêncio secreto duvidei da morte e desafiei a realidade. Pus-me a cantar, uma canção louca e sem fim, de um mistério infundado, no poço onde o cego vê, onde o surdo fala. Nada pode ser o que é, caso contrário algo seria definido e tudo seria sem sentido. A vida me fascina, o sobrenatural me diverte. Como a magnitude controversa de um arco íris perdido. Vitamina mal digerida no estômago da razão.

Leonardo Priori
Enviado por Leonardo Priori em 15/10/2008
Reeditado em 27/05/2009
Código do texto: T1230003