Interrogação

Por que me deste este coração assim, sem tamanho?

O Universo tem encontrado espaço e vibra em mim!

Para senti-lo todo não barganho...

Essa capacidade me parece sem fim!

Por que me enviaste justo nesta data indigna,

Colocando sobre mim a influência de Vênus?

Faz-me seguir nesse eterno ir e vir impregnada desse estigma!

Várias vidas em tantos caminhos nus!

Por que minha pedra deve ser cor-de-rosa?

Se eu gosto do azul e, o rosa é romântico demais!

Fazes-me escrever o que só contemplo em prosas...

Romantismo nem sempre é amor... Talvez jamais!

Por que me marcaste para amar?

Se eu conheci apenas o ódio e a maldade!

Só me deixaste para aliviar a dor, o cantar...

Cantar não preenche, faz doar em maior quantidade!

Por que me deste este tato? E este imã? E esta imagem?

Que atraí, que cativa, que causa cobiça!

Desejam me tocar pela atração da libertinagem...

Como se eu fosse carente, jogada as traças e submissa!

Por que me colocaste em um mundinho tão cheio de ódio?

Se sozinha eu não posso matar a raiva com o que não tenho!

Este mundo não consegue mudar seu episódio...

Não possuo o amor, e dele me abstenho!

Por que me deste está mente desimpedida?

Vivo a acreditar em utopias, filosofias e sonhos impossíveis!

E vivo acreditando, vivo sendo iludida...

O que mais desejei surge como espectros invisíveis!

Por que permite que a lembrança fique aqui tão clara?

Elas me impedem de acreditar que seja possível possuir o que é bom!

Lembrança... Minha emoção desmascara...

Que me lembra sempre que o amor é um dom!

Por que insistes que eu conheça a dor?

Se a dor só pode se transformar em lição aprendida!

Por que não me permitiste o amor?

Com amor eu teria enfim vida!

Alma Nua, São Paulo, 15 de Outubro de 2008, 04: 55

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 15/10/2008
Reeditado em 15/10/2008
Código do texto: T1229303
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