Caro poeta do sertão
Sou poetisa da cidade
Mas trago em meu coração
Amor ,carinho, saudade!
Não sou orgulhosa
Nem desprezo seu saber
Gosto do seu sertão
Isso tinha que saber!
Conheço do sertão, a miséria
Mas culpa não posso ter
Não despreze minha cidade
Pois a criança não é dado
Nascer na cidade ou sertão
O direito de escolher!
Lamento profundamente
O sofrimento e a dor
Daqueles que cultivam a terra
Em dias de sol e calor
E são diariamente explorados
Por seus irmãos sertanejos
Que dizem ser o senhor
Pois nasceram com dinheiro
Mas sem coração, sem amor!
Sou poetisa da cidade
Isso não posso negar
Tenho estudo, é verdade
Mas penso um dia morar
No sertão que tanto amas
E poder admirar
A beleza estonteante
Das lindas noites de luar!
(mazé Carvalho)
O Poeta da Cidade e o Poeta do Sertão
Poeta, cantor da vida
Que na cidade nasceu
Exalte a tua terra querida
Que eu defendo o sertão que é meu.
Se você teve boa educação,
Aqui deus, me deu no sertão
O dom de compor e cantar...
Por favor, não zombe de mim
Porque todo filho é assim
E a sua terra ele só sabe amar.
Você teve boa formação
Soube aproveitar seu momento
Mas, da vida aqui do sertão
Você tem pouco conhecimento...
Jamais dormiu num rancho esburacado
Não conhece o trabalho do roçado
Não sabe o que é sofrimento.
Nunca apertou uma mão calejada
Não conhece um cabo de enxada
E nem o povo que vive sem alimento.
Você que despreza o sertão
Precisa vir aqui passear
Comer mingau de milho no pilão
E acordar ouvindo um sabiá...
Precisa conhecer a vida do pobre
Que mesmo na miséria tem coração nobre
Na sua casinha no meio da mata...
Precisa andar nos caminhos da roça
E apreciar do terreiro da palhoça
O encanto da lua com raios de prata.
Poeta amigo, você é muito orgulhoso
E se exalta com o seu saber
Procure ser simples e não vaidoso
Pois tudo na vida se pode aprender.