O QUE FAZ A SOLIDÃO... – Regina Lyra
Neste tempo que estamos
Homens e mulheres de agora,
Já não se tem mais hora,
Para viver uma paixão?
O tempo não existe
Para eternizar a emoção.
É tempo de amor na net!
Provoca circuitos nervosos
Chips gelatinosos,
Solidão triste amorosa...
Tempo de amor no computador!
O beijo é suprimido pelas cargas,
Imagens da webcam,
Ou em folhetins pornográficos
De um tempo incapacitado...
Onde parceiros só depois de casados.
O toque incendeia tempestade sensual
Como se fosse toque sentido,
Amor sentimental...
O amor de verdade torna-se frustrado.
O toque é o teclado
Em uma potência imaginária,
Travestida em gemidos...
A transa cibernética
É coisa de Atleta.
No jogo da masturbação sem ação!
A arte de amar torna-se
Coisa de museu?
Neste tempo onde o amor não conta,
Uma transa muito louca
Sem parceiro, nem carinho,
O que vai fazer sozinho
Não precisa de computador!
É coisa muito antiga
Bastar-se só no ato.
Até nome existe de fato
Onanismo é o barato!
Todavia o amor concreto
Tem todo seu valor,
É a troca de energia
É boca que beija boca.
É mão que afaga o sexo,
É o beijo saboroso,
Deixa o casal muito louco.
Prazer intenso energético...
Abraços e sussurros...
Tudo é permitido no amor a dois.
Entre quatro paredes...
Vai deixar para depois?
Transa na net, não me venha com esta!
Prefiro a coisa antiga
É mais ardente, é pele, pêlo, desejo...
Os dois cansados de tanto fazer amor,
Deitam lado a lado,
Pernas aconchegadas, abraço apertado.
Suspiros, desejos acalmados...