Pedaço da vida

Seria como morrer...

Ter que te dizer

Que o paraíso não existe.

O conto de fadas acabou.

E que eu te vejo triste

Porque seu sonho se apagou.

E meu coração persiste

Na agonia do sofrimento

Em rasgar a garganta com as palavras

Estranguladas no peito.

Essa dor que é tão parecida com morrer

É padecer aos poucos na lápide da vida.

É como tocar o dedo na ferida

Aberta incandescente...

Ter que te dizer...

Que amanhã as flores serão apenas minhas

E minha cama terá um espaço em aberto.

E se eu for ao mercado

Não comprarei mais aos pares

Tornarei à unidade...

E não posso te contar

Que o anel que você me deu...

Não consigo tirar do meu dedo

Com medo de me perder nesse mundo.

E são tantos os outros medos

Obscuros em meu pensar...

Que nem acho mais o meu caminho.

E como te dizer que as paredes carcomidas

Perderam sua cor e que as flores não

Mais sorriem ao você chegar

Porque você chega, mas nunca está

Presente em minha tristeza!

E eu lanço meu grito mudo ao infinito

Para que penetre no vazio do teu silêncio.

E os meus medos fujam pela tangente!