Poesia que mente sobre a amor perdido
sou o verbo invisível na pele da flor
sou nação que perdeu o trono
e luta
e come
e fracassa
e sonha com os pães de trigo mofados na cozinha
o amor que tive ou pensei que tive
não viveu pra me realizar
pra eu gozar um mar de delíca
pra me fazer latente em mim mesmo...
perco em minha própria relutância em admitir que perdi
perdi a dignidade
e sobriedade
a criatividade em amar você
loucura tensa e nobre
metal e cobre no lugar de sangue
você no lugar da memória
da merda que vivo sem vender
no nada incógnito impublicável
que faço questão de te lembrar
perdi a luta de te amar
perdi a balada do amor perfeito
me sinto tão banal pra falar de amor que penso imoralidades
penso que não existo há muito tempo
ilusão ambulante
farrapo sujo e intempestuoso
subjetividade malévola
sou maniqueísta
tolo
esteta
amoral
bobo
solto e sem fim no espaço de um beijo seco
na boca seca de um passado que se faz intruso
que se faz forte
e sangra...
perdi todo o amor possível
e cozinhei todas as batatas no banquete para Sylvhia
e fugi com as armas coladas ao meu corpo
sem noção de tempo nem de termo próprio
temo ser confundido com um marginal
quando isto acontecer
já serei mais que uma lembrança sem virtude na lembrança de um povo que chora e não se desfaz dos males de sua dor
serei o mártir dos amores inseguros
amores perdidos
e não sei mais falar de amor sem ser óbvio e
não me critiquem
apenas nasci e me esqueci de ser mais uma marionete