BAILARINO

Minha mãe tinha uma caixinha de música

onde uma pequenina bailarina cor-de-rosa

feita de porcelana frágil,

cabelos presos na cabeça

e usando sapatilhas transparentes,

enquanto tocava Brahms Lullaby,

dançava,

dançava,

dançava...

...diante de um espelho que a multiplicava.

Eu menino,

com olhos de bailarino

feito com uma alma frágil,

com a cabeça na lua

e os pés nas nuvens,

olhava,

olhava,

olhava ...

...aquela ternura encantadora que me dividia.

Embriagado por sonhos apaixonantes

não percebia o tempo passar

por entre o bailar da bailarina que não crescia

e o bater de meu coração inocente que amadurecia.

Encantado, fiquei cronicamente doente de amor;

e até hoje tentam me curar essa doença,

essa doce e meiga doença.

Mas eu não quero ficar curado.