Acalantgo à Ladra Noite

Calo tua mão que me peleja

E tua boca que deseja,

Para tudo o que quer que eu seja:

Uma maçã ou a tal cereja?

Beijo tua palma sobre o riso

Do lençol quão indeciso

Por não saber do sorriso;

Entre o pouco e a gota, um riso...

Toco a tua pequenina chama

Derramada sobre a cama,

Quando sei bem que me enganas

Ao dizer que me ama.

Deito o meu fardo em teu seio

Após mergulhar em meu anseio.

Foram horas e rodeios,

Foram taras e meios.

Gostei ao ver-te tão de repente,

Tal libidinosa serpente.

Um fogo atrelado sente

Quando estamos frente a frente.

Veio o teu orgasmo ceder

E o meu instinto transcender

Nessa estranha danação de não entender

O porquê do corpo te conceder.

Toma, por instantes, o meu céu.

Saraste a ferida com fel

E por fim, roubaste o meu mel

Aqui, onde deixaste teu véu.

Bento Verissimo
Enviado por Bento Verissimo em 14/10/2008
Código do texto: T1227841
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