Da Imagem Epifânia
é preciso um pobre vocabulário
e evitar a palavra chave.
É necessário estender-se,
para que se guarde a verdade.
Contrariar o código lingüístico
e a funcionalidade poética.
Esqueçamos o que fôr advindo da palavra,
e do transcendente
imaginário...
que vive dentro destes cérebros
solidificados a cada verso;
distribuídos, porcamente, nas estrofes...
... não evite criar imagens.
Saudemos Rimbaud que chega cavalgando em suas escravas pálidas!
Louvemos a contradição do poeta
e das pessoas que evitam a imagem,
mas que afirmam a impossibilidade
ao proferir
palavras.
Nos loucos introdutórios versos,
nas estrofes avulsas
que perseguem passos errados,
e imagens geradas;
há palavras faladas.
Entremos, pois, na linearidade.
Afinal, onde está esse segredo?
Essa palavra seca?
Cadê um poema puro?
Sem espelhos,
ou almas flutuantes?
Só há substantivos,
adjetivos, pronomes
e nomes
pintando a tela pálida de minhas córneas.
Leio, escrevo,
e assim, imagino e vejo.
Toda palavra é imagética.
Eu sou imagético. Tudo.
Do verbo à carne;
matéria estranha e escura.
No campo da cópia,
copiado pelo copiador
“plagiante”.
Há uma boca.
A primeira a falar.
Não-material. Projeção verdadeira:
Começo.
No cosmo eidético,
na dimensão ideal.
Uma explosão se escuta.
É um grito.
Parece Deus a gozar toda a origem findada no meio do desconhecido.