Da Imagem Epifânia

é preciso um pobre vocabulário

e evitar a palavra chave.

É necessário estender-se,

para que se guarde a verdade.

Contrariar o código lingüístico

e a funcionalidade poética.

Esqueçamos o que fôr advindo da palavra,

e do transcendente

imaginário...

que vive dentro destes cérebros

solidificados a cada verso;

distribuídos, porcamente, nas estrofes...

... não evite criar imagens.

Saudemos Rimbaud que chega cavalgando em suas escravas pálidas!

Louvemos a contradição do poeta

e das pessoas que evitam a imagem,

mas que afirmam a impossibilidade

ao proferir

palavras.

Nos loucos introdutórios versos,

nas estrofes avulsas

que perseguem passos errados,

e imagens geradas;

há palavras faladas.

Entremos, pois, na linearidade.

Afinal, onde está esse segredo?

Essa palavra seca?

Cadê um poema puro?

Sem espelhos,

ou almas flutuantes?

Só há substantivos,

adjetivos, pronomes

e nomes

pintando a tela pálida de minhas córneas.

Leio, escrevo,

e assim, imagino e vejo.

Toda palavra é imagética.

Eu sou imagético. Tudo.

Do verbo à carne;

matéria estranha e escura.

No campo da cópia,

copiado pelo copiador

“plagiante”.

Há uma boca.

A primeira a falar.

Não-material. Projeção verdadeira:

Começo.

No cosmo eidético,

na dimensão ideal.

Uma explosão se escuta.

É um grito.

Parece Deus a gozar toda a origem findada no meio do desconhecido.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 14/10/2008
Reeditado em 26/11/2008
Código do texto: T1227681
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