Desamor

este barulho que rasga a noite

pertuba qualquer um.

silêncio que muito traduz.

silêncio que pede você.

a noite é pesada

e angustiada estou.

não nasci para viver neste mundo,

não me adapto a ele.

tudo é estranaho aos meus olhos.

meu sentimento é humano

mas não me encontro com a humanidade.

estou sempre distante de todos.

hoje já nem sei procurar o outro.

nada tenho a dar

e nada quero receber.

o que quero é a paz.

isto não encontro.

nem escrever eu mais sei.

lentamente vou perdendo tudo.

voce

eu

a vida

a vontade de viver.

nada tenho

nada sei guardar

o que sinto, só eu sei.

não tenho amigos

não tenho ninguém.

no real

não vivo só.

tenho você

a vida

o mundo.

mas eu não sinto.

nada me satisfaz.

ai...

fico comigo mesma.

sei que a revolta habita em minha carne.

mas não sei viver sem chorar a revolta

e sofro.

o amor é algo que desconheço.

nunca consegui amar,

mas já fui amada.

só sei que a noite é feia

e não estou bem

é um aperto cá dentro.

uma lágrima que não cai,

uma dor estranha.

a vontade é morrer,

mas isso não me é permitido.

nunca matar.

nunca odiar nada e ninguém.

eu não mato

não odeio

e nem amo.

vegeto apenas

e a noite continua

cada vez mais angustiante.

não sei o que faço do dia.

não sei o que faço da vida

e nem do mundo.

tudo é estranho e eu mais ainda

só sei que a noite hoje está pior que a miséria humana.

14.08.69

ZEL
Enviado por ZEL em 06/01/2005
Código do texto: T1227