Jardineiro Vazio
Pica terra pilada!
Sinta meu enxadão
Que brutalmente te viola.
Umedeça-te ao meu suor
Digno do dinheiro do patrão.
Enriqueça teus torrões estéreis
Com o esterco fresco que te presenteio.
Deleita-te com a água que te banho,
Sede não mais sentirás.
Abra-te para minhas sementes e mudas.
Receba-as como filhas.
Aconchega-as em teu ventre
E as faça crescer fortes e viçosas.
Venham pequenos brotos,
Sejam bem-vindos a este mundo cinza.
Despontem-se, brinquem ao sol, pequeninos.
Abram tuas folhas ao vento.
Definhem entorpecidos com o fumo
Pulgões malditos.
Apodreçam ervas daninhas,
Sufoquem-se no veneno letal.
Às pestes que ousam invadir o jardim:
Eu as excomungo desse mundo!
Desabrochem frágeis botões.
Banhem-se ao sol morno.
Sacudam tuas gotículas de orvalho
Que cheias de vida refletem um mundo todo.
Abram-se, tímidas pétalas aveludadas.
Transformem-se em coloridas flores delicadas
Embelezem nossa vista, façam a paisagem,
Como pequenas virgens saboreando o vento.
Pairem tuas fragrâncias sedutoras
Para que transbordemos nossos corações
Dos mais deliciosos e nostálgicos sentimentos.
[Suspira o jardineiro, contemplando o jardim com o peito amargo]
Mas de que me adiantam as flores
Se as raízes não possuo?
Visitem meu blog: http://descemaisuma.blogspot.com