Meditação
Meditação
Já te esperei por entre um mundo são,
Encontrei de tudo menos perdão,
Nem o calor de uma simples saudação,
Nem o querer acreditar nas palavras vãs,
Nada restou de uma partitura bem feita,
E o calor dos sons, virou uma ferida, uma maleita,
Sonho de tudo e caio no nada,
E o vento ora me estorva, ora me dá força na jornada.
Passo o passo e levanto-me numa guerra perdida,
Cansado do pó e do desabar dos golpes com mestria,
E o olhar esconde o medo, e o desfalecer perante o inimigo,
Que ficou na esquina, à procura do golpe fatal,
O verme, o traste com postura de animal,
Roído nas entranhas que me rasgaram o senso,
Enxugo o sal no que resta do meu lenço,
E engulo em seco, sem falar o que penso.
Sou a amostra de uma vida de papel,
Preso por fios finos que não chegam a cordel,
Farto do olá despreocupado,
Num sinuoso caminho, onde carrego o meu fardo,
Um sentir que não há razão no destino,
Uma amálgama de factos que me destruiu o caminho,
Olho os destroços que ficaram,
E pouco se aproveita, pouca coisa se ajeita.
Nenúfar 11/10/2008