essência.
espesso véu daquele ser
Não vem de nascença,
foi moldado e talhado
com o tempo, feitura
minuciosa, obra da vida
e do medo, que assombra
o esquecimento.
Retém em si marcas
indeléveis duma
existência insegura e vã.
suas reentrâncias
oculta uma vida, que não quer
ser sentida .
Escondida no meio
de vozes e ruídos,
intocável na existência
segue vendo sem ser vista,
sentido outras matérias,
sem ser sentida,
entre lágrimas.
Submersa na escuridão
onde tudo há
persistência nas coisas.
E cada vez que sai
é sempre aquilo que já tinha
visto antes, nada muda, nem
se transforma, mas tudo se
conserva, intacto.
Não sente pasmo,
nem emoção no frouxo
riso, nas estreitas conversas,
não sente nada, não Interroga,
não provoca . Convive com todas as
as respostas e soluções. Ao seu
leve toque tudo se transformaria
O ar em fogo, a vida em morte,
o caos em paixão e poesia, e o
mundo transbordaria em paz. A
lucidez andaria ao pé da loucura,
e tudo seria normal e calmo. Mas
seu rico manancial de sensações
jorra num deserto, numa ilha.
Esperneia
em gritos mas eco não vem
Não chega resposta, não chega vida,
Não chega ninguém.
impenetrável na sua riqueza,
emana apenas um sutil
odor virginal e sente correr-lhe em
toda sua matéria um torpor extasiante,
incomensurável prazer de viver sem
ser sentido.
alçando vôo leve como um pena a rodopiar
na densa noite.