Meu Dia é Singular
Branca Tirollo
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Amanheceu! Já sem tempo, me levanto.
Enxugo o pranto, que em sonhos derramei.
No fogo, a água do café que já borbulha.
Bem depressa, vou. Preparo um cafezinho
Abro as portas e janelas. Noto o vento
Molho as plantas do jardim e a minha horta
Após o banho, lá vou Eu na padaria.
Só então, que saboreio um pão quentinho.
Mas, não pense que por um dia, eu esqueça.
Antes de qualquer ação, fazer a minha oração.
Pois o dia ainda nem começou, lá vou eu.
Dar bom-dia! Para o sol, pra minha vizinha.
Aí que a luta começa. Tudo gira ao meu redor
Filhos jovens, netos bagunçando a casa.
Mamãe doente, para eu cuidar e amar.
As compras para fazer, depois limpar a cozinha.
Antes mesmo do almoço, sempre toca a campainha.
Se vendedor, ou cobrança, atendo sem restrição.
Depois vou lavar roupas, varrer a casa e varanda.
Enquanto no fogo ferve, arroz, batata, carne e feijão.
É hora do almoço. Sirvo a todos, depois me sento.
Não demoro, para almoçar. Lavo a louça, todo dia.
Enquanto no fogo cozinha, o feijão, pro amanhã.
Às vezes rola um docinho. Até mesmo, melancia.
Recolho a roupa do varal. Passo dobro-as e guardo
Entro no meu quarto, fecho a porta, ligo a máquina.
E no teclado, mãos cansadas, trabalham sem parar.
A digitar. Sonhos, vida, luto e lida, antes do jantar.
O dia se vai, a face fica. As palavras também
Vem a noite bela, céu estrelado ou não, há inspiração.
Em outras palavras, minha alma explica, espalha
Até que novamente eu adormeça e volte a sonhar
Nada mais que as lágrimas, mais que a noite.
Nada mais que um dia, mais que tantas poesias.
Será o amanhã. Nada mais, que mais um dia.
Um dia turbulento. Quiçá, único. Aproveito bem
Pintando e gracejando. A pretensa poetisa que sou
Amo-o! Abraço-o. Vivo plenamente. O meu dia.