solitário

o silêncio estoura solitário

vai e vem num ponto

de costura. Nó no peito.

o dedo desliza mansamente

na máquina, criando

sem carícia

indevassáveis frases.

O rosto com marcas

de lençol, contempla

lá fora,

a formiga

que carrega o verde

em direção ao buraco

cavado tão insistentemente

sem alaridos.

Da rocha menina

renasce a

a reluzente flor

Rubra

será recolhida

e se tornará

símbolo de controvérsias

e amor.

O cheiro úmido,

chega aos sentidos,

de terra encharcada

de colheres, pratos

quebrados, retalhos e

seringas,

outrora compartilhados,

agora esquecidos.

chega à janela

reflexo de um braço

que gira

cadentemente

no alto da torre.

ao comando do progresso.

As matérias nas ruas

se olham, se estranham

se estudam.

múltiplas vozes

perdidas

roncos de motor.

fedor de gasolina.

a terra oscila e oscila

também o coração.

A bolsa que cai, que sobe

o roubo de gravata.

recessão. Tempo de crise,

sobra apenas

migalhas de pão

rodas giram em

si mesmas.

Movimentos bruscos sem

passagem

O mosquito que rompe

o ar

paralisa e amortece

as paixões e as

coloca numa cama

sob véu.

Mercadorias voam

em cima das cabeças

num movimento

contínuo.

estreitando relações

arrefecendo

desejos.

barulhos de pedra

poeira levantada

rastros caminham em

direção a pequenina

caixa.

nesse instante a vida

pára.

a contemplação se

interrompe.

aperto de mão.

poucas palavras, e

Adeus.

já não está só

a náusea, o desejo,

a esperança

o acompanham.

Douglaz K
Enviado por Douglaz K em 10/10/2008
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T1222119
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