solitário
o silêncio estoura solitário
vai e vem num ponto
de costura. Nó no peito.
o dedo desliza mansamente
na máquina, criando
sem carícia
indevassáveis frases.
O rosto com marcas
de lençol, contempla
lá fora,
a formiga
que carrega o verde
em direção ao buraco
cavado tão insistentemente
sem alaridos.
Da rocha menina
renasce a
a reluzente flor
Rubra
será recolhida
e se tornará
símbolo de controvérsias
e amor.
O cheiro úmido,
chega aos sentidos,
de terra encharcada
de colheres, pratos
quebrados, retalhos e
seringas,
outrora compartilhados,
agora esquecidos.
chega à janela
reflexo de um braço
que gira
cadentemente
no alto da torre.
ao comando do progresso.
As matérias nas ruas
se olham, se estranham
se estudam.
múltiplas vozes
perdidas
roncos de motor.
fedor de gasolina.
a terra oscila e oscila
também o coração.
A bolsa que cai, que sobe
o roubo de gravata.
recessão. Tempo de crise,
sobra apenas
migalhas de pão
rodas giram em
si mesmas.
Movimentos bruscos sem
passagem
O mosquito que rompe
o ar
paralisa e amortece
as paixões e as
coloca numa cama
sob véu.
Mercadorias voam
em cima das cabeças
num movimento
contínuo.
estreitando relações
arrefecendo
desejos.
barulhos de pedra
poeira levantada
rastros caminham em
direção a pequenina
caixa.
nesse instante a vida
pára.
a contemplação se
interrompe.
aperto de mão.
poucas palavras, e
Adeus.
já não está só
a náusea, o desejo,
a esperança
o acompanham.