AMOR SEM-COMPANHIA
O vento que desenha a vela
é o pincel da aquarela
de um autor
que a tudo desdenha,
se o nome dele é dor
se no vento me emprenha,
só o cavalo que monto
sente que é na entrega o empenha
o vento é o voraz da longevida,
o vento é capataz da atrevida
loucura de ser mulher,
o vento é o pobre diabo qualquer
que na tarde-noite do amor sem companhia
inverte a ordem e desperta um dia
defunto como um vidro de remédio vazio,
história contada sem fio,
pirata cantando o bêbado delírio
do tesouro que era olhar-se adentro,
porque, meu anjo, homem de brio
despe o sobretudo e mostra o dentro,
o resto, é maré-cheia e violão de sol-nascente
levantando edifícios e acordando o pass'em'pobrecente