Sonda
Sobe sonda
sobre foguete e folguedos,
tão cara e carente
de cuidados,
que olhos em lágrimas
e olhos de vidro
contigo voarão ligados.
Segue sonda
longa jornada
de cálculo e balística,
ao som da estática
e do tédio
do éter sem fim.
Soma-te sonda
em órbita elíptica
ao planeta ou satélite
a ti destinado
e abre tua antena,
teus olhos e ouvidos
ao descortinado.
Sopre sonda
ao cósmico vento
tuas ondas de rádio
e conta-me logo
em gigabytes por segundo
as novidades desse mundo.
Serena sonda
minha alma ansiosa
e rasga o véu
dessa dona maravilhosa;
leia o céu,
o solo, a areia,
procure por uma veia
de água qualquer
e sinta no clima
se ela me quer.
Saiba sonda
algo mais sobre essa terra:
que fauna e flora
ela alimenta,
se tem alguém por lá
ou na estratosfera,
com bandeira e vestimenta,
olhe bem,
veja o que há.
Some sonda
e silencie,
queimando na atmosfera,
quando o momento chegar;
apague os vestígios de ti,
enquanto decifro no que li
minhas chances de te alcançar.