MODELO* (dedicado a Sylvia Plath)
MODELO* (poema dedicado a Sylvia Plath)
Lílian Maial
A beleza é estéril e fugidia,
mesmo que se tente, a todo custo, aprisioná-la
por trás de espelhos fictícios,
que mintam reflexos do passar dos dias.
Ela é frágil, uma ninfeta,
que nada sabe de frutos e raízes,
nem nada entende de luas e silêncios.
Enruga a cada amanhecer
com o desespero do apego,
com a vaga ocupada pelo recém-chegado,
com o luto por mais uma linha do tempo na pele.
A beleza é estéril e fugidia,
não faz vigília nas noites de febre,
não traz nos olhos promessas de eternidade.
Ela é cruel e assustadora,
tem encantos e mistérios,
é desejada e invejada,
mas é traça nas gavetas emperradas do inverno,
como gás invisível e inodoro,
ceifando os sonhos e memórias de verão.
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