O Pássaro e a pedra

Um pássaro encantado por uma pedra. Ninguém entende aquela cena. Principalmente quando dos olhos da ave surgem lágrimas.

O que poderá ser? Que espécie de encanto terá atingido aquele ser? Estará chorando pela pedra, ou pelo próprio reflexo que nela enxerga?

Para entender é necessário voltar na história a um tempo em que nem o pássaro nem a pedra existiam, ao menos naquelas formas...

Um príncipe e uma princesa...
Um nobre e uma plebéia...
Princesa e plebeu...
Que importa?

Duas pessoas que se amavam, está bem assim? Pois bem, amaram-se até o fim.

O destino cruel desse amor impossível foi que um mago, uma bruxa, um rei, alguém bem horrível, não queria o amor dos dois, nem antes, nem durante, nem depois.

E um feitiço lançou que separou os amantes, para que jamais se vissem como antes. Ele um pássaro virou e ela como uma pedra ficou.

Agora dá para entender o que é que tem a ver o pássaro com a pedra. Dá até para compreender por que ele chora para quem quiser ver.

O que não dá para acreditar é que a criatura malvada não se conformou que o pássaro não seguiu a passarada e resolveu que o tinha que matar.

Pois o ciúme persistia mesmo com a visão daquela cena. Com uma arma na mão, não teve pena e o pobre pássaro caiu no chão.

Você deve ter se zangado comigo. Que tanto amargor desse escritor, que não conta a história direito e ainda mata o bichinho com um tiro no peito?

Calma, amigo, eu lhe digo. Não falei se foi de tiro, estilingue ou espada que tombou o pássaro que não seguia a passarada para ficar chorando por sua amada.

Não sei se você percebeu que esta história quem está contando é você, não eu. É um caso sem precisão, contado com o coração, que depende da sua imaginação.

E como eu sei que você não ia deixar a história assim se acabar, uma solução eu vou dar para esse tormento, um fim pro sofrimento, para o leitor enfim parar de chorar.

Se você pensou que o pássaro morreu, quem disse foi você, não eu. Pois não é que o coitado, ferido, foi cair sobre a pedra amada, pensando que Deus dele tinha esquecido?

Um mago, uma fada, uma santa, um ser desses de bondade, surge finalmente, e...

Como essa história está em sua imaginação, vou deixar que o seu coração trace o fim que ela merece.

Mas sei que vai terminar com um beijo, com a realização do desejo daquele casal sofrido, com ela num vestido de noiva, feliz para sempre ao lado do marido.

Vamos, então, trocar de lado.
Seja agora quem eu sou,
Pense, então, mais um bocado
E depois me diga: Como acabou?