O bolero  da samba-canção

A samba-canção  no varal

tremula qual bandeira amorosa 
secando-se dos líquidos sabores
que a envolveram  no despir e vestir...

Que melodia a teria dispensado

para o intervalo gozoso?

Que olhos teriam assistido

o embalo sensual da pressa do amante

quando este descartou 
- certeiro e faminto -

roupas e cinto para o livre enlace ardoroso?


A samba-canção é cúmplice, 
e com 
as artimanhas astutas  
do silêncio 
firula limpa e altaneira

no varal da  área de serviço,

enquanto o amante que me finta,
vela o sono de
outra amada 
tal qual me fez um dia. 

 

Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 08/10/2008
Reeditado em 10/10/2008
Código do texto: T1217537
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