O bolero da samba-canção
A samba-canção no varal
tremula qual bandeira amorosa
secando-se dos líquidos sabores
que a envolveram no despir e vestir...
Que melodia a teria dispensado
para o intervalo gozoso?
Que olhos teriam assistido
o embalo sensual da pressa do amante
quando este descartou
- certeiro e faminto -
roupas e cinto para o livre enlace ardoroso?
A samba-canção é cúmplice, e com
as artimanhas astutas do silêncio
firula limpa e altaneira
no varal da área de serviço,
enquanto o amante que me finta,
vela o sono de outra amada
tal qual me fez um dia.