Humano de Estimação

Madrugada clara se fazia

quando sem-nome despertou.

Seu humano ainda dormia

e muito ainda dormiria

mas sem-nome se levantou.

Bocejou sua fome e sono

e seu corpo úmido espreguiçou;

urinou no poste, feito dono,

e cheirou no ar o abandono

que aos dois a vida legou.

Procurou nos sacos de lixo

por algo de bom e não achou;

deixou nos sacos outro esguicho

e aos pés do humano, feito bicho

estimado e fiel, retornou.