"...VOO DE AMOR..."
Quando me ver, voando longe, é porque palavras não explicam o que eu sinto. Palavras não me fixam, não redimem nem justificam, e dos meus braços nascem asas...
É uma liberdade tão tácita, que meus pelos se arrepiam, pensamentos rodopiam em labirinto de razões.
Quando penso que de um só, e teu sorriso, nasceria o pleno dia, justo quando a poesia, em silencio contemplasse, na alquimia, fantasia, bulimia do meu senso, vai e vem de recomeço, insistindo em levitar.
E paredes me comprimem, reduzindo meus espaços, compressão nos meus abraços que se perdem pelo ar...
Um olhar duro e vazio, penetrando em minha alma, é onde perco toda calma, de ver o tempo passar...
Sinto medo, calafrio, sinto dor sem paradeiro, quero um rosto de começo e um corpo ao final do dia. Uma rede e calmaria, um veleiro no horizonte, um céu posto em chão de estrelas, um suspiro de mortalha acenando a despedida, parte o dia e nasce a noite, parte a noite e nasce o dia, e minhas asas que não batem, de cansaço, me levar.
Alço voo sem compasso, e a vertigem é a própria vida, quando amar o amor passado, foi pecado e regalia, quando amar o amor de outrem, foi amor de rebeldia, alcei voo no cansaço pra deitar sobre a magia, pois que amar sem ser amada, é um morrer a cada dia...
Minhas asas se desfazem, nem reluzem nem sustentam, céu de Ícaro, se relembro, que abraçou o próprio sonho e acordou na eternidade. Quem me dera esta saudade ao partir junto com o vento, carregar um só momento de um sonhar de ser verdade. Lindos olhos de placenta refletindo num preludio, o que tudo representa, de minha essencia mais sublime...
Um olhar que revelasse, todo amor que não me dizes...
Dayse Ferraz
RJ, livre dos Reis
07/10/08
16:28 hs