Caminhantes da noite, companhias caladas
A magia da noite acompanha
a jornada que faço pelas ruas vazias.
O silêncio, em pequenas fatias
empresta à noite beleza, e manha.
Caminhando sozinho
nas ruas sonadas,
refaço o caminho
de noites passadas.
E noites e noites repito
o mesmo trajeto, um rito
dominando anseios, calando o grito
de todos meus medos
que hoje admito.
Não há vida nas ruas
pelo menos que eu possa ver.
Mas o sereno orvalhado, nas calçadas nuas
refletem a vida que gosto de crer.
Refletem as almas
que se escondem de dia,
mas num passe de mágica, por pura magia
ressurgem à noite, em ruas mais calmas
eu as sinto, pressinto, lampejo,
nem sei o que digo, o que vejo,
mas caminho com elas, companheiras caladas
caminhantes da noite, continuam vivendo
suas vidas passadas.