EFEMÉRIDES EPIFANIANAS (em homenagem a Epifânio da Fonseca Dória e Menezes)
O terreno estava abandonado
Cheio de mato, sapos, cobras e lagartos
Meti os tratores
Arrebentei as máquinas
Enfrentei animais selvagens
Chuva e lama sobre a terra fértil
Na gigante tarefa
De construir a estrada que traz de volta Epifânio
Matei mosquitos de todas as espécies e tamanhos
Perdida na selva
Desmarquei as balizas
Embrenhei-me nas matas de puro verde
Enfrentei o breu das noites amazônicas
Amanheci dias de luz e sombras
Cortei cipós
Emendei flores
Conversei com o menino
Andei com o jovem
Segurei as mãos do homem
E ouvi a voz do velhinho anotador
Lutei contra as regras
Adivinhei-lhe o pensamento
As pedras pelo caminho
Bem maiores que as de Drummond
Teimei
Insisti
Freqüentei bailes
Dancei uma quadrilha com D. Pedro
Lamentei a sorte da Imperatriz
Recebi a real família
Na Ponte do Imperador
Fui ao enterro de Inácio Barbosa
Atravessei o Atlântico
Senti coragem
E agora a estrada está pronta
Virão por ela os que cavam buracos
Cairão chuvas torrenciais
Eu preferi Epifânio
Assim mesmo como escreveu
Crônica literária, social, informativa, ensaística,
Documental, histórica, sociológica
Isto mesmo
Isto tudo
E mais que digam
Acendam-se os holofotes
Vejam Epifânio em suas vestes de anjo
Preservado ao máximo
Respeitado em seu estilo
Testemunha das efemérides sergipanas
Fotógrafo
Cineasta
Artista plástico
Repórter
Contando histórias verdadeiras
Inocentemente
De ricos e pobres
De bandidos
De professores
Desembargadores
Governadores
Barões e Imperadores
Todas elas arrematadas por metáforas românticas
Sem exagerar
Sem julgar
Aracaju, 6 de outubro de 2008-10-06 Tânia M. da C. Meneses Silva