Enterra meu Cadáver
Co’ uma faca e impiedade o meu corpo mataste,
Viúva negra, e por mim não choraste.
Vê, contempla estes pálidos olhos e faces!
Esperavam por que me matasses
A platéia daquelas estrelas, a Lua,
Que assistiram à tragédia tua?
Para as moscas e sua mortal descendência
Jaz meu corpo em langor, decadência;
Destes ossos inteiros, que tu não amavas,
Toscos gnomos farão suas clavas;
Ansioso que está — saciará sua fome —,
Um abutre crocita teu nome.
Agora enterra meu cadáver putrefato,
Tu, que o assassinaste e que, de fato,
Deves chorar e colocá-lo sob o chão.
Lágrimas derrama em meu caixão.
Chorar não deves por teu crime hediondo... Enfim,
Chora e te lamenta só por mim.