MADRUGADAS INSONES...
Além da janela há uma noite escura e fria
De vento sibilante que abre suas lâminas
De navalha sobre minha pele descoberta
O sono acaricia meu rosto, mas como uma mulher
Não me toma em seus braços, espera que eu me renda
Mas resisto aquele carinho frágil
Espanando as areias de meus olhos escuros
Acendo um cigarro, sorvo a fumaça cinza
Ouço o estalar lento do fumo incandescente
Atravesso insone a noite, qual vaso de guerra
Perguntam-me alguns se jamais durmo
Aos quais respondo “às vezes, quando me lembro “
A natureza dúbia dos lobos, despertos com o sol
Uivando nas montanhas para a lua das noites escuras
Nunca me fazem o óbvio questionamento
“O que procuras através dessas madrugadas”
Porém agradeço não o fazerem, pois nesse caso
Mesmo eu não saberia a resposta a dar
Atravessei insone as noites quentes de lua cheia
E agora que ela se foi, minguando vagarosamente
As noites são frias e solitárias, prenúncio de inverno
Neste outono sem folhas crepusculares flutuando
O dia chega mansamente, mais uma vez
Cinzento como a fumaça que sopro no ar parado
Tímido, o sol mostra sua face para os lobos
E me pergunto o que busco nas madrugadas insones
Que pacientemente, tanto aguardo chegarem