Missal

Uma vela te ilumina assim que adentra,

Delineando detalhes por vezes secretos...

Como os seios, que a camisola salienta,

Absorvidos pelo escuro, lentamente, discreto...

~

Apaga então a vela, e abre a janela,

Soltando os cabelos ao vento...

Percebendo a luz da lua cruzar por ela,

Como se congelasse a imagem neste momento...

~

Fotografada pela retina em preto e branco,

Revela-me a suavidade de sua tez...

Hipnotizando-me como há um quebranto,

Ao me desvendar aos poucos sua nudez...

~

Quero a magia de te tocar amando,

Num missal, descrevo-te rubramente flor...

Então a poesia lentamente vai se formando,

Nascendo em verbos e rimas de amor...

~

Mas só observo taxativo... vôo longe,

Pois não faço parte desta magia...

Você somente em meu pensamento se esconde,

Revelando-se no mistério de minha poesia...

~

Tal qual as miseras mãos que te tocam,

Sei mesmo, não são as minhas...

São como estranhos que me provocam,

Então a poesia passa a ser uma ladainha...

~

É um desamor que me toma conta,

Como uma prece de forma anormal...

Então minha fé assim se afronta,

Desfolhadas tristes nesse missal...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 10/03/2006
Código do texto: T121288