O CUPIDO
Esse cupido está brincando comigo
Lança flechas, mas não chega ao coração
Yanque, Carajás, Canela ou Jê. Qual tribo?
Até parece índio e não anjo de legião.
Marca o alvo, mira, cerca, pega o arco: esse é meu anjo!
Aproxima mas deixa escapar. O coração dar no pé.
Rezo então pedido para seu superior: o arcanjo
Assim não te jeito. Recorro ao pajé.
Retorno minha opinião e dou mais uma chance
Assume de novo o cupido o papel da conquista
Bate asas e se aproxima em um só lance
Esquece todo o combinado. E antes que eu desista
Lembro que não parece anjo. E agora o que faço?
O que aparece na cabeça não é aureola e sim penacho.
Prefiro aceitar transformar enfim o cupido
Em índio e caçar logo esse coração arisco
Reordeno meus passos e plano preferido
Entra o novo cupido correndo qualquer risco
Isca lançada, agora é só esperar: olhos fixos.
Ruge o coração. Surge o coração. O que aconteceu?
Acertou o coração, mas de novo o meu.