Televisão
Televisão
Nem carece mais o ópio
A realidade agora é virtual
O esperado não é mais óbvio
Maldito mundo artificial...
Onde estará a Lua ?
Quiçá eu soubesse do Sol...
Numa época em que os dias não são mais
E tudo acontece de olho na noite
Numa época em que guerras transcendem a paz
E mesmo as noites podem também perder-se
Só o que resta é o controle remoto
Só resta a TV
TV janela da sala pro mundo
Se é noite ou dia, Lua ou Sol
mude, mude o canal
se há de encontrar
O mundo é a escolha vil dum botão
Não se abrem mais as janelas
Ninguém precisa do Sol
Pois ele já é – na Televisão.
Maldito ópio moderno
Que serviço este monstro nos presta ?
Infame janela do inferno
Serão tuas cores... só o que resta ?
Onde estará a Lua ?
A quanto não pisamos na rua ?
Não saímos de casa
E não desligamos
A Televisão ?
Faz tempo !
Rodrigo Augusto Prado