AS DUAS FACES*
Dois rostos, uma só feição.
Identidade ou "identiquês"?
Não sei.
Sei que os olhos de uma
Eram os olhos de outra.
Uma, Ana; outra anA.
É.
Só que uma era Ana Adan;
e a outra, nadA anA.
Nomes estranhos, estes últimos.
Mas eram belas, belíssimas.
Se Ana não era bonita,
tampouco anA.
Eram duas amigas que
Gostavam de se comtemplar.
Quando uma olhava para
baixo, a outra também.
E quando para cima, igualmente.
O estranho era só uma cousa:
é que, ao passo que Ana olhava
para a direita,
a outra olhava para a esquerda.
E vice e versa; e versa e vice.
Como anA tinha uma pinta
Em cima dos lábios no lado esquerdo,
Ana a tinha a mesma pinta, só que no lado direito.
Quando uma bocejava,
a outra imitava.
Sem ver.
E, quando uma gritava,
a outra só abria a boca;
não lograva externar som algum.
Tentava, e nada saía.
Era muda.
E, por isso, ficava triste...
e também a outra.
E, enquanto uma possuía cérebro,
a outra não.
E uma tinha vísceras;
Menos a outra.
Estranho, não?
Uma era real;
a outra era só cores,
resultado da intensidade da luz.
E eram assim.
E não se sentiam tristes.
O problema estava só na hora de comunicar.
Que, quando uma falava,
a outra falava a mesma coisa,
com as mesmas palavras e ao
mesmo tempo.
Só que, como eu disse,
uma delas não tinha voz.
Na verdade, não ouvia - porque não
tinha ouvidos dentro das orelhas;
nem sentia;
nem via.
Era apenas uma imitadora,
que nem tinha noção do que fazia.
Na verdade, não tinha noção de nada,
Porque lhe faltava o cérebro.
Quanta semelhança!
e quanta diferença.
E eram assim:
Duas faces,
duas caras,
dois rostos...
Uma só pessoa.
*(Amigo leitor, não termine a leitura deste texto sem comentar, pois seu comentário é de máxima importância para mim, jovem escritor. Obrigado.)