Bom-dia!

Maldito seja, pesadelo doente

Que em meu merecido descanso irrompe,

Espancando-me ao peito, alucinando-me os músculos

Matando tudo dentro de mim.

Me derrama ondas de dores e desesperos,

Que me apavoram e me esgotam.

Meu corpo sucumbe.

Minhas pálpebras covardes garantem a incerteza da escuridão

Meu corpo moribundo tenta perceber a realidade

Gélido diante da ameaça da realidade ser o irreal

Descubro-me, pois, emaranhado em seu corpo macio e quente,

Nariz enterrado em suas mexas cheirosas,

Boca em um beijo eterno em seu pescoço umedecido.

Meus braços envolvidos com os seus em um abraço memorável

Nossas pernas entrelaçadas – alianças da nossa presença.

Suas costas esguias aconchegadas em meu peito

Compassam meu coração com sua respiração tranqüila.

Trago-te mais a mim,

Minha angústia alivia,

Meu corpo se entrega,

Minha mente desliga.

Choro meus medos

Esqueço a fatalidade

Brindo à realidade.

Você se aconchega,

Aperta meus braços,

Pede meu beijo.

Beijo-te, anjo do meu coração,

Com todo ímpeto de quem foi salvo

Direto das trevas para seus lábios açucarados.

Sinto seu cheiro, sua pele macia,

Seu amor flamejante, seu corpo inquieto:

“Bom-dia!”.

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