Iceberg

Não acredites no que digo

Afinal tu sabes o que sou

Mas por saber minha natureza

Sabes que sou farsa e verdade

Se no mundo só há farsa

A ele trarei verdade

Para que se envergonhe de seu íntimo

Se no mundo só há verdade

Na sua face esfregarei a farsa

Para que rias de seu ar vetusto

Mas nesse mundo de farsa e verdade

Sou aquilo que sou e tu vês

Sou o duo intrínseco inerente

Sou o superficial, sem substancia

Navegando sem opinião no mar de gente

Mas sou eu, alvo e puro na superfície

Iceberg profundo, invisível nas águas escuras

Rasgando as entranhas dos transatlânticos

De estupidez

Afundando os grandes cargueiros

De ignorância

Arrastando ao fundo das águas escuras

Os náufragos congelados de iniqüidade

Sou eu mesmo e aquilo que tu vês

A verdade dentro de uma farsa

A farsa da verdade perdida

Uma mentira contada tantas vezes

Que agora é uma verdade

Mesmo que nela ninguém creia