Lamento das Nuvens
O FRIO que me acordou pela manhã
Como encheu-me de vontade de morrer!
Mensageiro do lamento que o ancestral
Firmamento rompe para vida dar.
Um aquário vejo grande do outro lado
Do vidro que se escorre em gotas d’água.
Onde a vida, certa era, fez-se vinho,
Morrem lágrimas de brancas nuvens negras.
Frio perfume que se exala é amaríssimo
E refresca o corpo dessa dor fatídica..
A música das moribundas lágrimas
Mui feliz minh’alma faz com notas mórbidas.
Invisíveis cortinados a esconder
Tudo em volta como densa cerração.
Como choro a vã visão a me abafar,
É como se eu chorasse lá do céu.
Catedral santíssima que é a natureza,
Cuja abóbada estilhaça em muitos cacos.
Funeral das ilusões, as mais humanas.
A morte do Universo, como um Sábado.