CORAL
Amanhã, eu vou entregar o livro
das músicas recentes que compus
das mais velhas
que estão em papéis usados
ruídos nas noites veladas ao amor
no livro de cantos
e o vento frio que tem ali
de sibilos, entre as páginas
vou misturar as letras,
sonetos
e canções
e o Coral passará por aqui
Hoje, já preparei o arco-íris
dos cânticos angélicos
do céu do meu âmago coração
Já preparei suas sete cores
Com sete flechas do porvir cantado
Pesa na minha mão, as letras, a lombada
Do livro do Coral que esperará por mim
Onde nascem as ânsias, a infinita essência
Parem nas folhas de claves
na grama orvalhada
deixando a alma dar gargalhadas
E cantar a música indébita
Inédita, oferecida à estrela
À estrela mais bela do meu olhar
Que o Coral vai me encontrar
E me fazer feliz
Solistas que me acompanham
em coro desde sua criação
E o maestro eterno em obediência
à mãe natureza me rege e dribla
Ministra aulas de regência de flores
pupila o Canto Coral,
mostra a prática de orquestra das ondas
que se quebram em água
e mistura a prática de conjunto do pranto
em espaços universais
Qual Coral pode encantar
O repertório em sinfonias distintas
No teclar da voz iludida
Ressoa e sonoriza as vozes divinas,
Silaba e emite os desabafos atrozes
Das vozes encontradas
Sempre a cantar
aprende a construir todas
as minhas estradas no hoje
para se eternizar
no dia-a-dia do amanhã
E o livro?
O livro fala das verdades das margas
Amanhã, eu vou entregar o livro
Gostaria de ser irônico, de ser frio e calculista
Há quanto tempo espero este momento
que traz novo calor e nova primavera
Eu vou entregar o livro, sim
O Coral não pode parar
Se minhas músicas são ressonantes
Se minhas músicas são o meu regaço.
eu escuto a minha solidão
vejo roupas coloridas
e vem sempre inspiração
há muito mais luz no dia
e eu não acredito em guerras
e muito mais tempo de amar
e me torno o meu compositor
02 de outubro de 2008