Olhos Pretos
Abismos onde a escuridão reluz,
Cavernas de onde tu, divina, ensinas
O escuro fim, a Morte, nossas sinas,
As trevas a que tudo se reduz.
De meu faiscante e tetro olhar à luz
Cintilam superfícies cristalinas
De poços que, mais fundos que piscinas,
Me engolem de uma vez — dois lagos nus.
O Sol se recolheu e o firmamento
Negríssimo em teus olhos se refaz.
E, mórbidos, parecem pretas covas;
É onde enterrarei o meu tormento.
Na falta que Hécate, esta noite, faz,
Eis duas langorosas Luas Novas.