Natalidade
Quando, sob Lua Cheia, tu nasceste,
Um arcanjo, um gênio e um demônio do Leste,
Ao avistar o Astro que os guiava,
Teu rosto nele viram, que encantava
Os animais, as plantas. Toda a Terra
Gemeu e, em regozijo, o Amor que encerra
A alma do mundo pervadiu com Graça,
Como se voz dissesse: “Assim se faça!”
O arcanjo era um cigano dançarino,
O gênio era um poeta peregrino,
E o demônio um asceta casto, um monge,
Três magos que viajaram de tão longe.
Aquele trouxe fulgurante ouro:
Para o mundo a criança é um tesouro;
Oferecu o segundo mirra doce,
Que tu’alma de doçura plena fosse;
E o último te presenteou incenso,
Para que a Terra e todo o mundo imenso
Pudessem perceber no forte vento
Que ao Amor foste dada em nascimento.