Alma do homem - revisitada

Nos dias em que choram as nuvens,
Na avidez, a terra trêmula se farta.
Nos dias de sofreguidão dos homens
Impassíveis, a dor da alma enfada.

Água, bebida da gente, pura vida,
Dádiva a escorrer pelas correntes,
Sua ausência pode nos ser sofrida,
Como às almas ávidas, são dementes.

A natureza é um quadro em harmonia,
De paisagens cercadas de propósito,
E o homem, e a alma na monotonia,
São figuras dissimuladas em depósito.

Quantas penas do frustrado saber,
Que os falsos deuses de enganos,
Forçam-nos a conviver, sem perceber,
Nos sacrifícios, em altares profanos.

Se à alma, o homem dedicasse valor,
Minimizaria seus infusos medos,
Não sentiria o torpor, nem o calor,
Ao vê-la fruir, inerte, pelos dedos.

Em todo homem, o corpo se prende
Ao espírito. Quer dominar o mundo,
Mas nas vezes que a vida o surpreende,
Aflito, mergulha em sono profundo.

Implícita e torva sujeição dos seres,
Reflexos das sombras nos caminhos,
Muitos dos que se acham perenes,
São incertos morcegos nos ninhos.

A água e a terra irmanadas,
Vestígios, pelo criador deixados,
Nas almas dos homens são derramadas,
Graças aos corações apaixonados.

As águas do rio humano ao mar da alma
Deve se integrar. Como toda a natureza
Logra desde o princípio, de eterna calma,
O coração humano logre do oceano da pureza.

Lembra-te, homem! Que és parte de um todo,
Livra a ti e tua alma, da medíocre vida de lodo.
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 02/10/2008
Reeditado em 13/07/2011
Código do texto: T1207393
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