Sol
É meia-noite e os olhos pulsam cintilantes
Como dois corações incertos na certeza
De que o Amor é quem do caçador faz presa
— De que idolatro essas estrelas navegantes.
Para tocá-las devo içar-me à correnteza,
Guiado, mas perdido por luzes errantes.
Por tantos brilhos Baco anseia o quanto antes,
Ao corpo maculando, a alma estando ilesa.
Não acho o fim que procurei nesta Odisséia
— É que meu coração, mas não minh’alma o guarda.
Vênus dirá se Helena hei de achar ou Medéia.
No escuro, a erguer-se, Sol em carmesim não tarda,
Dá à luz Paixão, e sobe, altiva como déia,
Apaga o mar de estrelas que alto não mais darda.