No espelho que me defronta,
Sou eu e sou tudo
 E a alma
Pronta
Desfia o cabedal de idéias emaranhadas.

Quem dentre nós não imagina
Sob a superfície
Polida, vítrea, aquamarina
O mundo de Alice e gatos sorridentes
Sem começo nem fim?

Não traia seu desejo de desnudar-se
De ser outro, de ser vários,
Roupa no varal
Possibilidade de vestir-se noutras plagas
De redesenhar o mundo a partir do final.

O espelho que me afronta
Cobra a ruga precisa
O desmaiado rosto do meu eu sempre desperto
Às seis horas da manhã.

Espelho que se parte, dizem os velhos sábios
Sete anos de azar
Eu digo:
 Em cada pedaço estilhaçado
Um olho e mil modos de olhar.