O LIVROS DOS DIAS PASSADOS

Meu nome

não suscitará alegria

nas donzelas,

nem tremedeira

nos valentes,

ou a inveja desvairada

dos seres inteligentes.

Meu nome

não provocará arrepios

nas senhoras casadas,

nem será motivo de brindes

nas tavernas esfumaçadas,

não será gritado à pleno pulmões

pelas crianças da minha cidade,

nem pelas viúvas da minha gente.

Meu nome

não será lembrado

pelos anos afora,

do pó ao pó, assim será.

No livro dos dias passados

serei apenas uma sombra,

um borrão...

O silêncio me recolherá

ao seio da terra

e me ajuntarei aos anônimos

da multidão.

Àqueles que nascem, vivem e morrem

sem que deles reste

a mais ínfima lembrança.

Sem ato heróico,

sem fato marcante,

do pó ao pó, assim será.

No livro dos dias passados

não há lugar

para homens comuns e fracassados...

E nunca mais o mundo terá notícias

daquilo que nunca fui.