Conjectura
O que é desse tempo que passa sem resposta
das incertezas que no vagar do pensamento...
aumentam os muros da fortaleza imposta
trancafiando as portas em total confinamento.
Um epicíssimo contraditório de letras
criando uma utopia falsa, já degenerada
de pensamentos seguidos com várias cetras
nos cantos escuros da noite famigerada.
De tal celebridade boçal do [in]sucesso,
concebida no seio da dor e desespero...
carrega a solidão revirada do avesso
e a mente sã, agora em puro destempero.
Não há luzes bifocais no palco dessa vida,
nem a glória da estrela que define a gama;
só o cansaço quimérico da voz acometida
na busca do descanso da prometida alfama.
Não há final feliz no canto da poesia.
Ela tece a sustentação de uma verdade;
e os sonhos nada mais são que uma hipocrisia
de acreditar que possam ser uma realidade.
A liberdade futura!...Essa nunca há-de chegar.
Sempre haverá grilhões da dor e sofrimento
e a cada verso escrito...em lágrimas legar
a trajetória do amor num triste lamento.
Anna Müller