Por um Fio
para Aline
Esta pálpebra revela,
quando se fecha, que se
ajoelha ao que deseja
e se curva ao que espera.
Ela não vê, está cega.
Ainda que esfregue
os olhos, ela mesma
não se enxerga.
E esconde de sua retina
que se arregala,
e brilha (como cortina
que uma festa encerra)
tudo aquilo
ao que se destina.
O seu destino.
Ela está presa, pele
cárcere que repete
Sísifo.
Carrega em sua cabeça
cada peça do que pede,
tímida como quem reza.
Cruza os dedos, arranca os cílios.
Ela realizará à força
o que é pedido,
mas parece promessa.
Chora?
É um cisco.