A caixa

Lá vai o homem meio aéreo.

Suspenso, levado contra vontade.

Contrariado, e indo ao contrário da sua rota normal.

Na verdade ele nem sabe!

Também não quer ver tanta tristeza.

A chuva que cai não vem do céu.

Embaixo da nuvem preta de panos quentes.

Vai-se uma caixa, ou melhor levam a caixa.

Dentro puro recheio pra terra.

Fora nem se sabe o que tem.

A ilusão cobria a nuvem viva de coisas mortas.

Mas, pensavam alguns que pra vida a caixa iria.

Chegou a hora, a hora da despedida.

Abaixo de sete, o jogam!

Mas ele não sente, o pulmão perdeu o ar.

Escondido em um lugar de esquecimento.

Pairava a caixa preto-triste.

Parava a existência terrea.

Parlamentava um parlamento pigmeu.

E o funcho se espalhava no ar do tempo perdido.

Quem perdeu, ainda lembra.

Quem se perdeu, não.

Pois o tempo e a caixa preta fizeram o homem aéreo.

Se esconder em meio a escuridão.