EXISTÊNCIA

O espelho que me apalpa

Não me reflete

Esqueço-me

Estranhamente esferográfica

Nestas fotos

Este peito entumecido

Estes brônquios empoeirados

Estes vermes que me sobem pela garganta

Estas pernas que me transportam

Estas ânsias congeladas entre minhas vísceras

Estes cabelos mortos grudados em mim

Estes dedos que vazam involuntários das mãos?

Não me recordo desta face amarela

E esse corpo que a sustenta não sou eu

Esta pele que me contorna

E estes braços que se anexam

Me invadiram

Não me reconheço

E forjo minha existência

Pra passar o tempo