Hino à Bandeira
Vários pensamentos configuram-se em minha mente.
O momento é tão intenso,
que me sinto purificado.
Estou limpo de meus pecados;
hoje sou um anjo de asas quebradas.
Procuro o caminho exato,
enquanto ouço vozes em minha cabeça e vejo luzes na parede.
É neste instante que parto
a tocar o espaço com as mãos,
deleitar, em êxtase, com Dionísio.
Não há tempo, dimensões,
sequer deuses.
Há, apenas, tambores,
e virgens cantando hinos à Bandeira.
Aqui ficaria,
mas o tempo é curto;
ainda que sinta a eternidade entre os dedos.
O nexo me foge às vezes,
mas tenho ouvidos assanhados por cobras brancas.
Serpentes
a devorar meu ser,
minha alma,
condensada na razão de existir.
É hoje, Deus,
quero-te em mim.
Quero ser teu.
Sentir a luz de tua palavra;
doce e quase demoníaca.
Ó, que prazer paradoxal:(!)
O medo penetra e come meu ego.
Sádico e masoquista!
"_ Ó, Mente,
puta do coração:
Renda-te.
E deixe-se sentir
o Todo."
A resposta és tu.
Não negues teu prazer.
Deves viver como manda esse coração
bandido e pulsante.
Ainda que doa,
haverá dia em que não doerá.
Não existirá esta angústia carnívora.
Serás Uno
e estarás livre,
dormindo para sempre no colo de Vênus.