Pelos cantos da alma
Aqui estou novamente,
uma parte de um par ausente.
Mais uma noite comigo,
escrevendo, apagando,
o pensamento voando
no meu próprio castigo.
Sexta-feira, uma noite que sempre gostei.
Nessa noite, de novo chorei,
o sorriso passado, distante
essa noite apaguei.
Toda sexta me pego escrevendo,
recordando um passado que tive
que, abusado, na sexta revive
e teimoso, sobrevive.
Ainda que tente apagá-lo,
que escreva as palavras que calo,
o passado persiste, insiste
em deixar-me mais triste.
Noite de sexta,
cama vazia
e eu, feito besta
ainda tenho a mania
de voltar ao passado,
e passeio cansado
pelos cantos da sala.
Pelos cantos da noite,
pelos cantos da alma.
Procurando uma calma
que não posso alcançar.